O aspartame provoca cancro? Este é um medo comum de muitos gulosos que se preocupam em encontrar o equilíbrio.

O aspartame é um adoçante muito utilizado pela indústria para o fabrico de alimentos light ou zero açúcares. Por adoçar, sem apresentar valor calórico, é uma substância muitas vezes presente em alimentos recomendados num processo de perda de peso.

Recentemente, a OMS (Organização Mundial de Saúde), através do seu grupo de trabalho IARC (International Agency for Research on Cancer), veio considerar o aspartame como possivelmente cancerígeno.

Mas quererá isso dizer que o aspartame provoca cancro? 

Será que devemos cortar este agente da nossa alimentação?

A IARC e a sua classificação de carcinogénicos

A OMS – através da IARC – criou uma lista, que vai sendo regularmente atualizada, onde classifica substâncias de acordo com a capacidade que apresentam de provocarem cancro em humanos.

Essa lista está dividida em 4 níveis:

  • Nível 3 – não cancerígeno 

Contém 500 substâncias, como o chá, o café ou a luz fluorescente.

Neste grupo, as substâncias não são classificáveis quanto ao seu potencial carcinogénico em humanos.

Os níveis seguintes (2A e 2B) diferem entre si pelo nível de evidência científica, sendo que o termo possivelmente significa um nível mais baixo de evidência do que o termo provavelmente.

  • Nível 2B – possivelmente carcinogénico

Contém 322 substâncias, como a aloe vera, o extrato de ginkgobiloba ou, recentemente, o aspartame.

Pertencer a este grupo significa que existem estudos, em animais, que sugerem que a substância é carcinogénica ou que apresenta características que podem ser cancerígenas para humanos.

No entanto, neste grupo não existem estudos em humanos que evidenciem uma relação direta entre substância e cancro.  

  • Nível 2A – provavelmente carcinogénico

Contém 94 substâncias, como os esteróides androgénicos, a acrilamida ou a malária.

Estar incluído neste grupo demonstra que existem estudos, em animais ou modelos biológicos, que comprovam uma relação entre a substância e efeitos carcinogénicos. No entanto, os estudos em humanos são ainda insuficientes ou inconclusivos.

  • Nível 1 – carcinogénico

Contém 126 substâncias, como o tabaco, as bebidas alcoólicas, a carne vermelha, a bactéria Helicobacter Pillory, a Hepatite B ou C, os raios de sol ou as aflatoxinas. 

Nesta categoria, existe evidência científica que comprova que as substâncias nela inseridas provocam cancro em humanos.

A diferença entre um perigo e um risco

Também é necessário perceber que um perigo e um risco não significam a mesma coisa. Conduzir é considerado um perigo de vida. Mas quão provável é morrermos a conduzir? Qual é o risco? Felizmente, bastante pequeno. 

Não basta considerar uma substância um perigo. Temos de saber que quantidade é realmente perigosa. Por exemplo, os caroços de maçã são fonte de cianeto, um potente veneno perigoso. No entanto, que quantidade de caroços são precisos para nos fazer mal? Muito mais do que iríamos ter vontade de comer!

Assim, é importante esclarecer que a capacidade de uma substância provocar cancro varia consoante estamos muito ou poucos expostos a ela.

Então, na prática, o que significa ser “possivelmente cancerígeno”?

No fundo, as classificações da IARC indicam com que grau de certeza a OMS considera que uma substância é capaz de causar cancro (perigo), no entanto, não avaliam a probabilidade (risco real) disso acontecer.

Assim, o facto do aspartame ter sido inserido no nível 2B – como possivelmente cancerígeno – significa apenas que é possível que seja um perigo mas a evidência está ainda num nível muito fraco. 

É possível. Não é certo.

E a realidade é que todos nós estamos expostos, diariamente, a substâncias consideradas carcinogénicas. O sol, a carne, os fumos, o torrado das tostas, as batatas fritas, o excesso de comida no geral… 

Por precaução, faz sentido moderar o consumo de aspartame. No entanto, pelo seu consumo tão baixo comparativamente a outras substâncias comprovadamente carcinogénicas, o aspartame provavelmente será um dos cortes mais ineficazes para reduzir o risco consideravelmente. 

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